Naldo mostra sua coleção com mais de 400 tênis e 300 bonés: ‘Meu sonho era ter um desses na infância. Mas não podia’
Naldo impressiona. Pelo 1,86m cheio de estilo, pela gentileza, pela
humildade e pelos números. O moço faz cerca de 20 shows por mês. Muitas
vezes, três na mesma noite. Por cada um, estaria embolsando R$ 30 mil.
Na garagem da casa recém-comprada num condomínio em Jacarepaguá, uma
moto zero-bala divide espaço com um carrão desses imponentes, que, por
baixo, custa R$ 200 mil, e uma coleção de tênis. Não uma qualquer. São
mais de 400 pares cuidadosamente estocados em armários enfileirados.
Todos lotados de marcas como Nike, Adidas, Puma e Red Noise, alguns
assinados por grandes craques da NBA ou por descolados do hip hop. Pares
que Naldo usou uma vez, ou nunca usou. Pares que ainda nem chegaram ao
país. Pares que podem custar até US$ 800. Pares pelos quais o menino
criado na Vila Pinheiro, Complexo da Maré, pode pagar.

A compulsão deve estar associada à falta de um modelo específico na
infância. Naldo só queria ter um Redley bicolor, moda entre a juventude
bem-nascida, no finzinho dos anos 90.
— Uma vez, um amigo
conseguiu um pra mim. A mãe dele era empregada doméstica e a patroa
tinha jogado um Redley fora. Meu amigo sabia do meu sonho e me deu. Só
que o tênis tinha um buraco no dedão e outro na sola. Peguei um papelão e
pintei nas cores dele, azul e laranja. Saí à noite para uma festa, mas
não podia me mexer muito, porque meu pé aparecia. Só pude usá-lo uma vez
— recorda
O garoto pobre do Complexo da Maré já foi duas vezes para Nova York. A
última delas para uma miniturnê. Agora, quer promover parcerias com os
"brothers". Na manga, uma gravação com Fat Joe, um dos precursores do
rap nos EUA.
Naldo adora tudo que é americano. Pela casa, vê-se
celular, rádio, dois iPads e notebooks. No futuro, quer construir o
próprio estúdio. Não é dado a grandes luxos, mas tem lá seus supérfluos
de novo rico. Quem pode condenar? Naldo ostenta um closet de fazer
inveja a muito playboy admirador de marcas como Abercrombie, por
exemplo. É tanta roupa, que as peças da noiva Ellen, a Mulher
Moranguinho, ficam espremidas num canto. E está tudo em ordem. Em duas
portas, que vão até o teto, outra mania do cantor: os bonés.

— São mais de 300, fora os que levaram, os que dei... Até
compro a mais para dar para os fãs. Fiz um show em Cabo Frio, fiquei
bolado. Tinha comprado um Adidas branco clássico, daí estava lá
dançando, empolgado e joguei o boné. Um menino pegou, fiquei
desesperado. Depois, num show grande, lotado, localizei o menino na
plateia, com o boné, acenando pra mim! Perdi, playboy — lamenta, às
gargalhadas, apontando as últimas aquisições: um boné do Transformers,
outro com o qual assistiu a uma partida da NBA, nos EUA, um idêntico ao
do americano Chris Brown, com quem já foi comparado por certa semelhança
física, e um do Flamengo, time do qual é torcedor.
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